Templo

O templo é um qualquer lugar em que definimos o seu perímetro, e nos entregamos em pleno. Lugar circunscrito de entrega e contemplação, templo enquanto lugar íntimo exterior. Lugar de delimitação imaginária e intransponível, onde as barreiras sou eu quem as define sendo as mesmas maleáveis, como uma gota que cai num lago, cada gota é uma dádiva que me faz redefinir constantemente o meu templo, a minha entrega. O epicentro sou eu e a minha consciência. Existem templos do tamanho da palma da mão, outros do tamanho da floresta, o ser define o seu templo, a partir de onde começa a entrega.
Compreendo o templo não como um sítio onde coloco a coisa para contemplar, mas sim como uma delimitação de um espaço que em si já contém a coisa a contemplar, através da vida e da abertura dá-se este fenómeno que é a contemplação, a coisa que se insere sou eu enquanto ser externo.

Feital, abril 2019
Marco Pestana