AXT

AXT é um projeto performático e coreográfico em fase de pesquisa inicial, em que se usam os elementos movimento, linguagem e som de forma transdisciplinar. Está a ser
realizado na Alemanha e em Portugal pela artista Juliana Oliveira em colaboração com Greta Granderath e Johanna Scheler. Em português AXT significa machado e como o
nome denuncia esta pesquisa dedica-se a explorar as imagens, narrativas e ações em torno do trabalho com e do uso desta ferramenta arcaica.

O machado é uma das primeiras técnicas da humanidade: intuitivo, brutal, ameaçador e primordial. Cientificamente ele foi essencial para o que chamamos a evolução humana e a viabilidade da sobrevivência. Em AXT este instrumento de proveniência pre-histórica é usado como símbolo. Símbolo para a origem da separação entre o mundo humano e o mundo natural. O machado como interface, „momentum“ possível de reverter, pecado original e relíquia de um rito de passagem da humanidade.

Hoje em dia, no entanto, quando contrastado com a produção industrial de madeira ele é obsoleto. O seu uso está reduzido ao contexto privado e tende gradualmente a
desaparecer. Ironicamente tem o seu zênite em competições internacionais (Timbersports), onde desportistas medem forças comparando a rapidez com a qual racham um tronco até ao fim. Neste contexto o machado torna-se um objeto nostálgico, onde projetamos o desejo de reversão a um estado selvagem.

O ponto de partida para AXT é a apropriação corporal de uma das funções comuns do machado: rachar lenha. Uma atividade que desfaz em segundos o crescimento de anos. No estudo e na prática deste movimento pretende-se ir além da tecnicidade e personificar a domesticação do selvagem. Quem ou o que é selvagem? As componentes elementares do projeto: corpo, madeira e metal invadem-se mutuamente, ocupam-se, interagem, complementam-se e contrapõem-se, explorando as dinâmicas entre o uso e não-uso, o ativo e inativo, o cuidar e o destruir. Através da repetição quixotesca e da variação de um gesto simples, os estranhamentos, os absurdos e as contradições das
diferentes matérias são desvelados.

AXT segue o interesse estético e instintivo pela fisicalidade extrema e o virtuosismo presente numa atividade que é forte e violenta. Sobre a qual exerce uma reflexão critica e
feminista, partindo da assunção, que rachar lenha está substancialmente associado à identidade masculina. O projeto pensa a relação entre os atributos supostamente masculinos necessários para esta atividade e as formas de ser e de estar com e na Natureza.

Esmiuçar
Fragmentar
Dilacerar
Despedaçar
Britar
Quebrar
Partir
Estilhaçar
Desfazer
Destruir
Arruinar
Esborrar
Esfarrapar
Escarduçar
Escadraçar
Abocanhar
Espatifar
Dissolver
Desmanchar
Dissipar
Desfazer
Transformar
Arrasar
Demolir
Abater