Há centenas de anos que as florestas mantêm registos detalhados das actividades humanas que se desenrolam à sua volta. Recentes pesquisas demonstram que os anéis e o ADN de árvores vivas revelam os impactos da cultura humana, como por exemplo são representativas as cicatrizes da ocupação colonial. A investigação pioneira de Suzanne Simard revela como as árvores comunicam e cuidam umas das outras, através de complexos sistemas de raízes e de colaborações com fungos (ver também P. Wohlleben: The Hidden Life of Trees). Antropólogos como Eduardo Kohn questionam o que significa ser humano ao explorar a forma como “as Florestas Pensam”. Face à actual crise ambiental, se queremos sobreviver, precisamos de aprender com a Natureza, em vez de explorá-la somente.
Durante a minha estadia em residência com a ARS-Luzlinar, no âmbito do Laboratório Experiência da Floresta (4-16 Julho de 2021), concentrei-me nas florestas. Visitei-as longamente e examinei nelas formas de colaboração. Realizei assim o vídeo Dedication. A peça é uma homenagem à antiga associação de colaboração entre plantas e fungos nas raízes da maioria das plantas. Micorrizas são geralmente sistemas radiculares subterrâneos invisíveis que formam uma teia intrincada de troca de nutrientes e permitem que as árvores comuniquem umas com as outras. Dedication é uma instalação vídeo de 5 ecrãs acompanhada por uma série de esculturas integradas no chão, e inscreve-se no projeto mais amplo e multipartes TREE SCHOOL, ainda em desenvolvimento, que explora formas radicais de pedagogia vegetal através de workshops, instalações e filmes.