Juliana Oliveira
bio

Performer, Fazedora de Teatro, Dramaturgista.Nascida em Aveiro, a 17 de Janeiro de 1985, vive e trabalha em Hamburgo desde 2008. Desde 2012 membro do grupo Probebühne im Gängeviertel (ativismo artístico) Desde 2014 membro da companhia Antje Pfundtner in Gesellschaft. Desde 2017 moderadora do programa de radio Plateau na FSK.

AXT

AXT é um projeto performático e coreográfico em fase de pesquisa inicial, em que se usam os elementos movimento, linguagem e som de forma transdisciplinar. Está a ser
realizado na Alemanha e em Portugal pela artista Juliana Oliveira em colaboração com Greta Granderath e Johanna Scheler. Em português AXT significa machado e como o
nome denuncia esta pesquisa dedica-se a explorar as imagens, narrativas e ações em torno do trabalho com e do uso desta ferramenta arcaica.

O machado é uma das primeiras técnicas da humanidade: intuitivo, brutal, ameaçador e primordial. Cientificamente ele foi essencial para o que chamamos a evolução humana e a viabilidade da sobrevivência. Em AXT este instrumento de proveniência pre-histórica é usado como símbolo. Símbolo para a origem da separação entre o mundo humano e o mundo natural. O machado como interface, „momentum“ possível de reverter, pecado original e relíquia de um rito de passagem da humanidade.

Hoje em dia, no entanto, quando contrastado com a produção industrial de madeira ele é obsoleto. O seu uso está reduzido ao contexto privado e tende gradualmente a
desaparecer. Ironicamente tem o seu zênite em competições internacionais (Timbersports), onde desportistas medem forças comparando a rapidez com a qual racham um tronco até ao fim. Neste contexto o machado torna-se um objeto nostálgico, onde projetamos o desejo de reversão a um estado selvagem.

O ponto de partida para AXT é a apropriação corporal de uma das funções comuns do machado: rachar lenha. Uma atividade que desfaz em segundos o crescimento de anos. No estudo e na prática deste movimento pretende-se ir além da tecnicidade e personificar a domesticação do selvagem. Quem ou o que é selvagem? As componentes elementares do projeto: corpo, madeira e metal invadem-se mutuamente, ocupam-se, interagem, complementam-se e contrapõem-se, explorando as dinâmicas entre o uso e não-uso, o ativo e inativo, o cuidar e o destruir. Através da repetição quixotesca e da variação de um gesto simples, os estranhamentos, os absurdos e as contradições das
diferentes matérias são desvelados.

AXT segue o interesse estético e instintivo pela fisicalidade extrema e o virtuosismo presente numa atividade que é forte e violenta. Sobre a qual exerce uma reflexão critica e
feminista, partindo da assunção, que rachar lenha está substancialmente associado à identidade masculina. O projeto pensa a relação entre os atributos supostamente masculinos necessários para esta atividade e as formas de ser e de estar com e na Natureza.

Esmiuçar
Fragmentar
Dilacerar
Despedaçar
Britar
Quebrar
Partir
Estilhaçar
Desfazer
Destruir
Arruinar
Esborrar
Esfarrapar
Escarduçar
Escadraçar
Abocanhar
Espatifar
Dissolver
Desmanchar
Dissipar
Desfazer
Transformar
Arrasar
Demolir
Abater