Permanência e anulação do corpo

Reconheço a exigência que é permanecer neste corpo alvo de conspirações da vida animal, e é desta forma que o tempo é necessário e o diálogo igual, só assim cessa o efeito que o nosso corpo tem no lugar, pelo tempo e o diálogo, um estar apenas, trata-se de um deixar-vir-a-ser. Estar imóvel como um granito adormecido no meio de um carvalhal.
Imobilidade do corpo, tempo e espaço, o comportamento que me permite observar uma quase essência do lugar sem mim, comigo lá.
A conspiração cessa, a ameaça igual, não existo para a vida enquanto estou lá, a vida acontece a minha frente, eu, imóvel, suspenso num êxtase fugaz e contínuo. Imobilidade suspensa. Barroco leve. Silêncio enraizado. Olhar aguçado.

De alguma forma é criada uma relação com o lugar que é íntima, através desta relação apercebo-me das rotinas maleáveis da natureza, a cadência dos acontecimentos,  aleatórios, perceptíveis e imperceptíveis. Tudo vive. É aqui que se revela a importância da imersão do corpo no espaço, o comportamento e a disponibilidade-abertura.