Rita Dias da Silva
bio

Rita Dias da Silva, 1999. Nasci e cresci em Lisboa. Tirei um curso especializado em cerâmica na Escola Artística António Arroio (2015-2017). Fiz a licenciatura de Escultura na Faculdade de Belas Artes (2017 – 2020) onde, atualmente, estou a fazer o mestrado de Escultura.

Ao longo dos anos tenho vindo a participar em vários projetos e em diversas exposições coletivas: em 2015, fiz parte de um projeto criativo de voluntariado em parceria com o IPO no âmbito da tecnologia de madeiras, na Escola Básica da Bobadela; em 2016, participei no Festival Cumplicidades, no projeto SELF-SERVICE: Solos Multiplicados, que foi apresentado na Culturgest, participando também numa exposição, na Casa da Imprensa. Em 2017 participei em Imersão Inversa, na Fábrica Braço de Prata, da qual fiz também a curadoria e parte da organização; em 2018, numa exposição de cerâmica de ex-alunos da António Arroio, no Colégio D. Maria Pia e em 2019, em Cerâmica na Galeria de Exposições da Faculdade de Belas Artes.

Ainda em 2019, estive em Residência Artística em Proença-a-Nova, no âmbito da licenciatura em escultura e também neste ano participei nos GAB-A na Faculdade Belas Artes da Universidade de Lisboa, onde obtive uma bolsa de investigação e criação artística da Associação Luzlinar.

Já desde cedo surgiu a vontade de trabalhar com a comunidade, oportunidade que encontrei agora nestas residências, e que pretendo explorar, sem dúvida.

O meu trabalho artístico hoje em dia é fundamentalmente em escultura, com diversos materiais, um deles a cerâmica, sendo que a fotografia é também um meio fundamental e muito presente neste trabalho, que por si só, bebe muito do que me rodeia.

Os carvalhos não ardem

Os Carvalhos não ardem, a Jacinta não foi. Restos de um lugar. Poucas pessoas. A pedra que foi fim é, agora, começo. Árvores solitárias no recorte da paisagem. Tempo. As pessoas vão, a natureza volta, cuida de si. O tempo das árvores, que têm o seu próprio tempo. A tradição. A serra barrenta. O barro das juntas, o da olaria utilitária e o das telhas que cobrem as casas que foram ficando vazias. Revisitação.

O que resta do que outrora foi?

Barro. Telhas. Casca. Pele.

Uma pesquisa que surge do que o Feital me tem dado, do que tenho vivido e absorvido com as pessoas nas aldeias, com as árvores na floresta e, principalmente, com o tempo do Jardim da Pedras. Um trabalho de perceção sensorial e intuitiva deste lugar à procura do que ele me queira dar, com tempo e sobre o seu tempo.

A Matéria do Gesto

Da matéria à forma do lugar e da tradição. Um caminho emersivo pelas estórias e pelo que outrora foi. Um processo de pesquisa, experimentação e reeinterpretação dos gestos perdidos no tempo, que os suportavam nas pernas, as mulheres. Telhar gestos, ações e tradições. A extensão do corpo à matéria e ao espaço em redor. Na terra procuro e encontro a matéria do gesto, repenso os limites do auto-fazer, revisito a tradição.
Rita Dias da Silva